Toda a saga de Edileusa
Edileusa nasceu em Realengo, e lá se tornou mulher. Só que chegou um momento em que ela cansou de ser suburbana. Uma das metas para 2012 foi mudar de vida: dras-ti-ca-men-te. Juntou seus paninhos de bunda, alugou uma cama num quartinho de espelunca na Zona Sul e deu o pontapé inicial para a grande virada.
Trabalhava como caixa numa loja de departamentos, o que lhe rendia um salário mixuruca. Almoçava uma marmita requentada de macarrão com salsichas, todo santo dia. Nas horas vagas, Edileusa passava roupas para fora, e assim foi juntando uma graninha. Pouco a pouco, a crioula foi se soltando e fez novas amizades.
Bate perna pra cá, bate perna pra lá. Um jeitinho no cabelo, manicure e a mágica acontece. Três meses de muito sufoco, e acabou trocando de emprego: agora venderia doces na bomboniere da boate, onde o salário era três vezes maior. Indicação de Charli, uma travesti de 57 anos que jurava ter seios naturais como os de Rogéria: “Tudo hormônio, bebê. Pode apertar!”.
Edileusa aprendeu a fumar, e foi apresentada aos restaurantes japoneses. Já não ouvia mais pagode, e aposentou definitivamente o henê. Comprou um vestidinho na Osklen, sentiu um enorme orgulho de si e bateu o martelo: “É essa a vida mesmo que eu quero!”
Com um visual totalmente repaginado, beirando o hipster e arranhando no que se chama de descolado, Edileusa trocou até de nome: agora queria ser chamada de Naomi. Aprendeu inglês com a mesma rapidez que esqueceu de Realengo. Rendeu-se aos encantos de um moreno jambo e desabafou: “Tô namorando o milionário árabe, Charli!”
A festa de despedida foi exclusiva para a turminha bacana, e a família sequer foi informada do enlace. Sem olhar para trás, partiu rumo a Dubai, onde seria dona de uma pequena ilha, com shopping particular e cinco praias paradisíacas. Edileusa, finalmente, estava vivendo tudo que tanto sonhara.
Não houve nenhuma reviravolta, tampouco desastre natural em sua história. Edileusa não teve filhos mutantes, nem explodiu num cruzamento. Ela continuou curtindo e ostentando toda aquela riqueza, porque nem todo mundo que deseja deixar de lado suas origens precisa, necessariamente, ser poupado de um final feliz.
Viva a Edileusa! de Realengo pro mundo! aahaha
Cara, como você é FODA!
E o melhor foi o vestidinho da Osklen, rs
bj bj
Esse eu quero contar, posso?
Claro, Lucia!
Será ótimo!!