O Drama de Falsiane [ Episódio Derradeiro ]
Falsiane, a atendente nervosinha da Belvedere Seguros, acabou atrapalhando a trepada de Amanda. Justo quando ela conseguira catar um homem com jeito de macho, digno de fazê-la aceitar até mesmo um namoro… Deveria ser a tal lei de Murphy, fazendo valer sua fama de maldita.
-Senhora Amanda, eu preciso falar em particular com a Senhora.
-Algo relativo ao reboque, eles já estão chegando?
-Na verdade, eu gostaria de falar sobre o rapaz que a Senhora levou para dentro do carro.
– Falsiane, como assim??
-Shhhhh… calaboca!
-Tudo bem, me desculpa. Como você sabe que tem alguém comigo aqui dentro?
-Então, dexocontá. Eu tenho um tumor no cérebro, do tamanho de uma macadâmia.
-E?
-Eu consigo ver o que nossos assegurados fazem enquanto aguardam o reboque. Não é tecnologia, é feitiçaria!
-Não fode! Vai dizer que você pode me descrever como que ele é? Surpreenda-me.
-Moreno, parrudo, cavanhaque de malandro, eu diria que é instrutor de educação física…
-Como assim?! Você deve ser atendente do inferno, só pode ser…
-Pense bem… Se fizer pirraça eu não vou estar liberando o reboque para a Senhora.
-Tudo bem. O que você quer de mim?
-Bom… você pode ser minha amiga. Passar a mão nos meus cabelos… Mas só no sentido de crescimento. Se fizer no sentido contrário, meus olhos pulam das órbitas e eu fico cega.
-Ah, tá bôua? Que doideira!
-É sério. Eu tenho olho de peixe e lábios leporinos. Fora esse dom de ver os clientes…
-Meus deus, Falsiane… estou até me sentindo culpada por ter brincado com seu nome.
– Não tem problema, senhora. Todos debocham e riem do meu drama.
– Ai, fiquei mal agora… Desculpa, desculpa, desculpa!
– Não se preocupe. O tumor não permite que eu tenha ressentimentos. Não tenho raiva da senhora.
– E o que posso fazer para te ajudar? Já tem um médico, dinheiro… alguma coisa?!
– Eu só tenho alguns dias de vida, senhora. É por isso que estou aqui, pagando meu karma.
– E a empresa está te dando algum apoio?
– Não, senhora. Eles me mantém acorrentada a uma girafa, e só posso comer lavagem.
-Isso é pegadinha, né? Só pode ser? Cadê os moços do reboque?
-Pois não. Eles já estão aí, só que ficaram com receio de interromper a Senhora o e o rapaz que está dentro do carro. Eles pediram para eu ligar, de modo que vocês possam se recompor e o serviço possa estar sendo feito. Posso ajuda-la em mais alguma coisa, Senhora?
– Filha da p…
– A Belvedere Seguros agradece a preferência. Boa noite, Senhora.
Ri alto!