Aliviada
Genise estava meio sorumbática, com o pensamento perdido lá na missa de sétimo dia da bezerra malhadinha. Tinha brigado com o marido, que chegou em casa com a gola da camisa manchada de batom. A discussão seguiu madrugada adentro, e ficou combinado que ele dormiria no sofá. Sair da cama já foi complicado, imagine fazer a maquiagem enquanto os olhos debulham em lágrimas? Mas ela foi trabalhar, mesmo assim, e tentou engolir o choro. Tinha uma planilha complicadíssima para se distrair, e algumas vidas extras no Candy Crush para extravasar o ódio. Daí apareceu Moselle, sua melhor amiga, com uma carreirinha de padê.
A morena titubeou, chegou a recusar, mas voltou atrás e deu um teco. Ficou louca, louquíssima, alucicrazy, gozou com o atrito entre a saia e as pernas, passou a ver tudo em raios-x, passeou numa montanha-russa imaginária e, para deixar tudo ainda melhor, teve uma diarreia homérica. Para quem nunca havia se drogado, até que não foi tão ruim: Genise esqueceu completamente a traição do marido, e acabou tirando um peso de vinte toneladas dos ombros. Foda foi explicar porque estava toda cagada no posto de trabalho.