Culpa escatológica
Eles estavam deitados no sofá, assistindo tv, quando algo tudo aconteceu. Pedro virou-se para Glória com o semblante fechado, rangeu os dentes e deu-lhe um murro na cara. Assustada, a moça pulou do sofá e ficou balbuciando palavras desconexas, na tentativa de saber o que teria levado o marido àquela agressão.
– Cínica! Tu é uma cínica, mesmo!
– Mas o que é que eu fiz?
– Ora, o que foi que tu fez? Tu sabe muito bem!
– Pedro, eu tava sentada te fazendo carinho!
– Peidou, sou porca! No meu colo!
– Eu não faço isso, Pedro!
– Ah, não?? Quem não peida, Glória, explode!
– Mas eu não peido na sua frente!
– Peida no meu colo! Porca! E cínica!
– M-mas.. eu não peidei no seu colo!
– Quer saber? Vou-me embora!
– Pra onde, Pedro Ernesto?!
– Prum lugar onde você não esteja peidando!
– Então vai pra casa do caralho!
Ele saiu, para comprar cigarros e espairecer as idéias. Glória jogou-se no sofá e chorou compulsivamente. Estavam casados há poucos dias, e esta foi sua primeira briga séria. Ainda levaria muito tempo para que se permitissem certas intimidades. E enquanto isso, sua cadelinha Bijula, sem qualquer noção do que havia acontecido, continuou peidado debaixo do sofá.