Literalmente perdidos
Ao sair correndo do trabalho, Eduardo esqueceu a pen drive onde havia salvo os arquivos com o último episódio de Lost. Ele só se deu conta disso já em casa, quando abriu a mochila e encontrou o case vazio. Daí bateu um desespero, porque demoraria horas para conseguir baixar tudo novamente e o risco de ser atingido por uma rajada de spoilers era mais do que certo. Arrependeu-se amargamente de não ter assistido pelo streaming, ao vivo, mas sua namorada iria passar a noite por lê e odiava seriados.
Desorientado, ele colocou o torrent para baixar em força total. Dez minutos e nada. 5Kbs era um tapa na cara, de tão vergonhoso! Levaria a madrugada inteira só para ter a primeira parte, e não era possível assistir pela metade sem enlouquecer. Tentou fazer o download direto, mas a rede estava congestionada. Determinado, pegou o carro e voltou para a empresa, na esperança de alguém estar fazendo hora extra. Eram quase trinta quilômetros até Guadalupe, mas valia o risco.
Ainda havia uma luz acesa, e ele respirou aliviado. Deu uma desculpa qualquer ao segurança, subiu até sua sala e pegou a maldita pen drive que deixou espetada na usb. Quando estava saindo, deu de cara com o encarregado de produção. O sujeito curtia se gabar das horas extras que fazia pela empresa, e resolveu pegar Eduardo para um desabafo. Foram vinte minutos intermináveis, que ele jamais perdoaria. Conseguiu escapar inventando um compromisso e desceu as escadas como um foguete.
Não havia aberto emails, nem facebook, nem twitter naquele dia. Só queria escapar de tudo para assistir, em paz, a conclusão da série que o afligiu durante quase sete anos. Cinqüenta minutos num engarrafamento e enfim chegou em casa. Os downloads, como já previa, estavam definhando… Sorriu de leve ao concluir que o sacrifício de resgatar a pen drive não fora em vão. Preparou uma bacia de pipocas, abriu um coca-cola de 2 litros, ligou o ar-condicionado e apertou o play.
Quase duas horas depois, ele desligou tudo e foi se deitar. Não escovou os dentes, nem tomou banho. Ficou remoendo o episódio por toda a madrugada, quando quase chegou a pensar que tudo se tratara de um sonho. Mas aí tocou o despertador e ele se deu conta que já estava na hora de voltar para o trabalho. Eduardo não quis entrar em nenhum fórum ou comunidade para comentar. Estava de luto. E com uma sensação detestável de que fora feito de palhaço por todos aqueles anos…
Fiquei meio igual ao Eduardo, mas ao contrário dele, gostei muito do final. Fiquei de luto, mas por ter acabado a história… é como se tivesse perdendo amigos com o fim da série… coisa maluca, né? Mas é assim que me sinto.
Sei bem como é isso, Sr. Império.
Fiquei muito triste com o fim de algumas séries, como Six Feet Under, Dawson’s Creek, Friends e Sex & the City.
É claro que Lost vai fazer falta, porque já estávamos acostumados com personagens tão graciosos como Hurley, Sawyer, Juliet e Ben. Mas chegou um momento em que a história começou a perder seu rumo, e o fim veio como que um alívio. Não poderiam deixar que a série se tornasse um “Arquivo X”, onde nem os protagonistas se aguentavam mais.
Vou sentir falta, mas os dvds estão lá na estante, prontinhos para “lembrar e seguir em frente”.
😉
Eduardo né? Sei.
😉
Então, Sr. Humberto.
Diferente do Eduardo, eu assisti pelo streaming ao vivo, para não correr certos riscos.
Gostei do episódio final, e até compreendi os motivos pelos quais eles resolveram mostrar o além-vida. É lógico que, num primeiro momento, fiquei meio revoltado com a forma que escolheram encerrar a série, mas depois passou. Assisti novamente com as legendas, ruminei mais dois dias e agora aceito aquele fim de bom grado.
Eduardo ficou tão traumatizado que não vai mais tocar no assunto. A não ser que lancem um filme. Daí ele se pronuncia.
😀
olha, nao é o unico viu
Foi um tal de “eu já sabia”…
Mas eu gostei muito, ao contrário de Eduardo.