Oswaldo e a verruga de Glicênia
Glicênia passou o fim de semana no sítio de uma prima, e voltou renovada para Cascadura. Há tempos que pedia por um descanso, onde pudesse renovar as energias e esvaziar uns engradados de cerveja. Rolou nua pela grama, e teve um breve affair com o caseiro. Na segunda-feira, ao chegar no trabalho, emanava um brilho quase pueril no olhos já castigados pelas rugas de expressão.
À noite, enquanto tomava um banho relaxante, descobriu uma verruguinha preta debaixo do braço. Era pequena, mas roliça. Deveria ter nascido naquele momento, ou não havia notado antes? Ficou atordoada com aquilo, e pensou em marcar logo um dermatologista. Como não estava doendo, secou-se e vestiu a camisola. Queria sonhar com Oswaldo, aquele rústico homem que esquentara sua noite de sábado.
O tempo passou, e ela esqueceu de marcar a consulta. Dia após dia, na hora de se banhar, Glicênia esfregava aquilo com a bucha, na vã esperança de que fosse secar e cair. Fechava os olhos, e só conseguia ver Oswaldo, nu, fazendo gemer. Passadas duas semanas, o negócio começou a crescer assustadoramente, e daí não teve jeito – teve que correr para o primeiro consultório que aceitasse seu convênio.
Depois de um rápido exame, a dermatologista virou-se, ressabiada, procurando por algum instrumento em sua bandeja de aço inoxidável. Com um chumaço de algodão, esterilizou o local com álcool hospitalar e muniu-se de uma pinça. Com um movimento preciso, torceu a abominação e, então, abriu um sorriso: “Parabéns, Dona Glicênia. Você cuidou muito bem deste carrapato! Quer que eu jogue no éter, para guardar de lembrança, ou posso mandar pro lixo mesmo?”
Glicênia ficou turva, e depois levemente esverdeada. Sentiu um nojo tão grande daquilo, que correu para o banheiro. Seu estômago revirava, enquanto a cabeça dava mil voltas. E enquanto ruminava o café da manhã em pleno vaso sanitário, ela só conseguia pensar em Oswaldo, seu homem suado e com cheiro forte de sol, catando os carrapatos cultivados nos pentelhos crespos e volumosos que guardava sob a sunga frouxa. Era uma vez, uma história de amor…
Isso sim é uma história de amor! hahahaha
Parabéns, adorei!….um abraço