Festa da virada
Francisca levou dois meses planejando e organizando uma festa de reveillon. Enfrentou vários contratempos, teve problemas com fornecedores, e a lista de convidados só fazia crescer. Mas apesar de tudo, estava feliz com aquela frenética ocupação.
A mulher foi à feira, comprou os últimos itens para a ceia e até arrumou um tempo para fazer o cabelo. Depois de tanto trabalho, Francisca deu-se o direito de descansar um pouco. Infelizmente, o despertador não tocou, pois o celular estava com a bateria fraca.
Francisca só acordou às onze da noite, com o estourar dos primeiros fogos de artifício. Desesperada, enfiou-se dentro do vestidinho branco, pegou o estojo de maquiagem e seguiu em direção ao local da festa. O namorado já a esperava, preocupado.
Por conta da ansiedade, Francisca esqueceu de comer e acabou exagerando no prosecco. Desmaiou quando falavam dois minutos para a meia-noite, e passou a virada cercada de cuidados. O namorado levou-a para casa, tirou sua roupa e deixou-a só de lingerie. Ela só acordou ao anoitecer do dia primeiro de janeiro, sem lembrar-se de nada, com a calcinha ensopada de mijo.
Quando finalmente conseguiu recobrar os sentidos, Francisca pegou sua lista de decisões para 2008 e adicionou uma notinha: “Não beber prosecco novamente.” No dia seguinte, comprou um colchão novo e um despertador de pilha.