Precipitação
Gustavo não queria ir, mas acabou aceitando o convite por insistência de sua mãe. O rapaz ficava pouco a vontade de ir a praia, pois odiava usar sunga. Achava que todas as meninas iriam ficar reparando, e nisso desencadeava-se todo um processo de auto-sabotagem. Mas naquele domingo, ele decidiu ser maduro, não iria ligar para esse tipo de bobagem. Tirou a bermuda, levantou os braços, alongou o corpo e notou que um grupinho de adolescentes ria em sua direção. Certo de que elas estavam tirando sarro de seu volume, lembrou de uma frase de Paulo César Pereio e atirou: “Homem não precisa ter pau grande, não, tá?!? Tem que saber fazer a cara de quem tem pau grande! Isso sim!!” Sentiu-se glorioso, bateu no peito e sentiu-se o homem mais viril de todo o planeta. As meninas, entretanto, ficaram apavoradas com sua reação e o chamaram de grosseiro, pois só estavam rindo da churrasqueira que alguns sem-noção montavam na barraca ao lado.