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Cara, cadê meu grelo?

março 3, 2010

O comichão surgiu tão repentinamente, que Verônika acabou entrando no único banheiro que encontrou. Sentou-se no vaso sanitário sem olhar e liberou a bexiga. Acostumada a beber, ela normalmente conseguia segurar numa boa, mas naquele dia aconteceu algo fora no normal. Ela mijou até não poder mais e, aliviada, abriu a bolsa para pegar um lenço de papel com o qual poderia se secar. Já recuperada, notou os recados pornográficos escritos com marcador permanente na portinhola do reservado. Sorriu discretamente com o que lia, e só então deu-se conta de que estava num banheiro masculino.

Alguns dos pervertidos eram até engraçados, e ela se excitou com a idéia de ser deflorada pelo Garanhão23, que prometia uma trepada vigorosa e ejaculação farta. Seus dedos percorreram a coxas, culminando em uma masturbação fulminante. Verônika gozou tão intensamente que, sem explicação, seu clitóris escorregou para dentro do vaso. Um choque gélido a deixou paralisada por alguns momentos: não houve sangramento, nem dor. O grelo simplesmente caiu lá dentro.

Desesperada, a jornalista vasculhou seu próprio sexo para ter certeza de que aquilo realmente tinha acontecido. Mil coisas passaram por sua cabeça, e um grito abafado ficou preso na garganta. Ela jamais meteria a mão ali dentro para resgata-lo, e sua única reação foi acionar a descarga. Um pedaço de si havia seguido com o mijo rumo ao esgoto, e aquilo a devastou. Nunca mais conseguiria chegar ao orgasmo novamente… ou estava ali uma oportunidade de averiguar se o Garanhão23 era mesmo eficiente? Por via das dúvidas, anotou o telefone dele e subiu a calcinha.

7 Comentários leave one →
  1. março 3, 2010 11:56 am

    E qual o telefone do Garanhao 23, hein? hehehe Tão muito bacanas os contos 🙂

  2. março 3, 2010 12:05 pm

    Então, Mário.
    Acontece que Verônika, além de jornalista, também é egoista.
    Ela apagou o número dele para evitar concorrência.

  3. março 3, 2010 7:11 pm

    HAHAHAHAHAHAHAHA!!!!

    Ah vai, Verônika é muito fresca! Nojo do próprio xixi? Hahahaha, muito engraçado.

    Pelo menos ela entrou num banheiro de machos, rs. Se ela entrasse no banheiro masculino da Faculdade de ciências humanas da Federal aqui da roça, onde também tem muita coisa escrita na porta, o máximo que iria conseguir era pegar o telefone de alguma biba intelectualóide (que ia ter ainda mais nojo dela sem clitóris, mas ia devagar sobre como Sócrates explicaria a queda dessa parte do corpo da mulher e sobre as mensagens que Rafael Pascoal quis passar com este conto androcentrista e blablabla e zzzzz…).

    Muito bom, Rafael, muito bom, ri demais!

  4. cinebuteco permalink
    março 5, 2010 5:59 pm

    Filme de terror, imagina, ficar sem grelo, melhor morrer, né não?

  5. março 10, 2010 9:23 pm

    putz, cara, genial. um dos melhores minicontos que eu já li, quase morri de rir aqui. lembra uma ex-namorada minha, era tão tarada e tão atrapalhada que era bem capaz de perder mesmo o grelo num banheiro masculino — se é que não perdeu, porque era quase impossível fazer a criatura gozar.

    agradeço as visitas e os comentários no meu blog. agora, licencinha, que eu vou ler os outros textos seus aqui. muito bom, vai entrar pra minha lista.

  6. março 14, 2010 3:01 pm

    ótimo, ótimo!

    e melhor ainda a sacada de anotar o telefone.

  7. março 18, 2010 1:04 pm

    A Verônika nem era tão nojenta. Até onde eu sei em boteco mulher dá jeito de mijar em pé pra não sentar nos respingos.

    Muito bom mesmo o conto. Agraqdeço à Maria pela indicação.

    A propósito, o grelo desceu o esgoto, caiu num rio, do rio pro mar, e contam que anda tomando sol numa praia aqui do Sul.

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