A garota mais feliz da favela
Condirelle acordou cedo, bem antes do despertador tocar. Era sábado, e ela estava de folga. Radiante e com sede de vida, a morena espreguiçou o corpo até estalar todos os ossos, e deu bom dia ao mundo pela janela. Sim, ela tinha lá seus clichês e não havia nada de mal nisso. Volta e meia sonhava em morar no asfalto, mas a vista de seu quarto para a Igreja da Penha era insubstituível.
Trabalhava na lanchonete de Dona Marielza há três anos, e recentemente havia sido promovida a garçonete. Sair da chapa para o salão sempre fora seu objetivo profissional, e ela não reclamava da trabalheira, nem das investidas indecentes dos marmanjos – gorjetas não eram lá grande coisa, mas ela conseguia comprar umas roupinhas mais transadas no fim do mês e ainda sobrava um pouco para passear de metrô.
Deixou Nelly Furtado se esgoelar no microsystem ( “promiscuous girl” no repeat, logicamente), enquanto procurava seu biquini com argolas de metal, o mais sedutor e bacanudo, que fazia um tremendo sucesso. Passou creme nos cabelos e fez uma franja fechando de lado, desenhada no pente. Com todo o sol que fazia lá fora, era mais do que óbvio dar praia. Tirou do freezer a garrafa pet com água congelada, juntou seus badulaques e seguiu para o ponto final do 485 – Penha/General Osório. Condirelle era, ou não era, a garota mais feliz da favela?
Só é… bem que eu gostaria de um 485 na porta da casa direto pra praia.
Claro que é. Ela mora no Rio =)
O Kolene não podia faltar. Te falar que Condirelle, apesar desse nome, é mais feliz que muita paty que eu conheço.