Jéssica e a morte da arte
Com um giz de cera amarelo que encontrara jogado na calçada, Jéssica desenhou um sol no cimentado do quintal. Sem preocupar-se com as proporções divinas ( ou áureas, dependendo de seu humor ), ela acrescentou um sorriso e dois olhos flamejantes. Por alguns segundos, limitou-se a fitar os riscos que acabara de fazer, com a mão suja cobrindo os lábios.
Depois, subiu para o terraço, de onde ficou observando, em silêncio, toda a vizinhança. Havia mais prédios que árvores no horizonte, e isso a irritava. Subitamente, Jéssica tirou do bolso uma seda e um saquinho de maconha, que enrolou com a paciência de um monge e fumou, na maior das tranqüilidades. Deixou que a marola atravessasse as telhas e denunciasse a todos que, apesar dos pesares, ela também sabia pecar.
Ali por perto, alguém deveria estar ouvindo um disco de Nick Cave, e ela cantarolou baixinho, junto com a música: “there she goes, my beautiful world.” Havia um pouquinho de melancolia naquilo tudo, mas também estava para anoitecer .Lá do alto, o desenho até que não parecia tão ruim – isso, ou o baseado era dos bons. De repente, veio uma vontade louca de voar e Jéssica se jogou de cabeça, caindo poeticamente sobre seu último trabalho. “É uma belíssima instalação” – diriam os críticos.
PQP… que viagem… muito bom!!! poesia de choque. rs
E esse é só o começo do enredo… rs
Ai, muito bom… tava tudo meio soturno até chegar na observer ação dos críticos de arte e eu ter que rir de novo.
adoro isso aqui.
A arte é uma coisa que acaba com a vida da gente…
arte suburbana da melhor qualidade.
“denunciasse aos outros que, apesar dos pesares, ela também sabia pecar” – parei nisso aqui. eu observo uma tendência bem atual da gente querer mostrar pros outros que também faz merda.
adorei, rafa. ah, reabri 😉
E quem não peca, né?
Bjos!