Pipoca doce, mas coloca a salgada por cima
Eduardo e Glauce se conheceram na fila das barcas. O flerte se deu quando ela deixou cair o saquinho de pipocas e ele ofereceu um pouco das suas. O rapaz também pedia para colocar a salgada por baixo, então foi amor à primeira vista. Enquanto seguiam de Niterói para o Rio, papearam e descobriram afinidades. Não sabiam os sobrenomes um do outro, mas já estavam íntimos.
– Eu gosto de tomar sorvete na cama enquanto assisto tv, mas não curto novelas.
– Adoro cozinhar, mas não pego em carne crua. E também não gosto de alho.
– Só tomo banho frio, mesmo no inverno. Água quente me faz tossir a noite inteira.
– Gosto de temperar as saladas com azeite, vinagre e sal. Nunca ponho orégano.
– Lavo minhas cuecas junto com as meias, pois só uso das brancas.
– Eu coleciono livros clássicos e só consigo cagar lendo revista de fofoca!
– Eu tive hepatite, sarampo, catapora, sífilis, furúnculo e erisipela.
– Eu não sei consigo pintar as unhas da mão direita sozinha!
– Eu nasci de sete meses, mas falei e andei antes de completar um ano.
– Eu tive três namorados cearenses, dois paulistas e cinco aqui do Rio.
– Eu nunca namorei…
– Sério? Que triste!
– Não precisa ser triste…
– Você é muito reticente, Eduardo!
– E você é uma gracinha, sabia?
Daí veio um beijo daqueles que deixam qualquer um constrangido. Trocaram juras precoces de amor e seguiram para o apartamento de Glauce, onde assistiram a vários filmes melosos na Netflix, comeram pão de queijo recheado com Nutella e fizeram amor, com direito a lágrimas nos olhos. Passaram duas semanas juntos num romance inflamável, até que Glauce confessou ter fingido o orgasmo numa transa morna. Eduardo, que era orgulhoso demais para receber uma crítica sobre sua performance, deu-lhe um soco que arrancou três dentes da boca. Romperam o namoro antes de comer o empadão de palmito que estava na geladeira, mas Eduardo conseguiu pegar a barca das nove. Daí ele conheceu a Maria Eduarda.